Com uma nova captação de recursos em vista, de R$ 250 milhões, a empresa pretende instalar
centros de distribuição de produtos no Paraguai e na Colômbia e uma fábrica piloto no 'Cinturão de
Grãos' dos Estados Unidos.
A goiana SoluBio, especializada em fornecer toda a estrutura necessária à instalação de fábricas de
bioinsumos em fazendas, se prepara para iniciar operações no exterior. No Brasil, o número de
biofábricas deve chegar a 400 no fim do ano – são 265 hoje – e o faturamento, a R$ 300 milhões, mais
que o triplo dos R$ 80 milhões de 2021. Com uma nova captação de recursos em vista, de R$ 250
milhões, a empresa pretende instalar centros de distribuição de produtos (equipamentos e
microrganismos) no Paraguai e na Colômbia e uma fábrica piloto no “Cinturão de Grãos” dos Estados
Unidos, conta Mauricio Schneider, diretor comercial da SoluBio. O dinheiro também viabilizará a
instalação de mais 200 biofábricas no Brasil em 2023.
Pragas e guerra impulsionam mercado
A SoluBio concluiu sua unidade de insumos em Jataí (GO), que deve gerar receita de R$ 1,5 bilhão a
médio prazo. A demanda está “muito grande”, diz Schneider, pela crescente resistência de pragas a
agroquímicos e a guerra na Ucrânia, “que acelerou a busca por alternativas”.
Proximidade e pesquisa fazem diferença
Desde a fundação, em 2016, a SoluBio investiu R$ 250 milhões, incluindo a fábrica de Jataí,
equipamentos e pesquisa. Tem 7 centros de distribuição no País e frota própria para garantir a
qualidade do material que chega às fazendas. “Produzir bioinsumo ‘on farm’ é coisa séria, precisa de
tecnologia e protocolos”, diz o executivo.
Todos querem
A demanda por serviços financeiros no agro está “bastante grande”, conta André Cury, responsável pela
área de Commercial Bank do Citi Brasil, focada em empresas que faturam de R$ 250 milhões a R$ 5
bilhões. Há procura não só por capital de giro como também para investimentos em quase todos os
setores. Em 2021, enquanto a carteira da divisão aumentou 22%, a do agro subiu mais de 30%. Para
2022, a expectativa é crescer 21%, com maior contribuição do agro.
Um olho aqui, outro lá
Cury segue firme no plano de atrair novas empresas para sua área e vem reforçando a equipe de
gerentes de relacionamento. Dos 55 atuais, 10 atendem o agro. Ao mesmo tempo, o banco deve
implementar um projeto-piloto este ano para começar a atender empresas com perfil global e
faturamento abaixo de R$ 500 milhões. “A lógica é atender essas companhias com potencial de
crescimento e acompanhá-las em sua jornada”, diz Cury.
No Brasil, número de biofábricas da SoluBio instaladas em fazendas deve chegar a 400 no fim do ano, ante 265 atualmente Foto: SoluBio
Mais caro
Usinas devem questionar na Justiça alguns pontos da Medida Provisória 1.118/2022, editada na quartafeira
pelo governo, conta Henrique Erbolato, sócio do Santos Neto Advogados. A MP desfaz a concessão
de crédito tributário para quem comprar combustíveis para uso próprio em 2022. “Na prática, é um
acréscimo de 9,25% sobre o valor do diesel para a usina”, diz. Ele afirma que duas usinas já procuraram
o escritório nos últimos dias.
Explora
A Águia Fertilizantes está otimista com seu projeto de produção de fosfato natural em Lavras do Sul
(RS). A mineradora tem direito de explorar o depósito de fosfato na região e aguarda licença de instalação para a planta de processamento. A expectativa é iniciar as obras em cerca de quatro meses e
operar em meados do último trimestre de 2023, adianta Fernando Tallarico, o CEO. “Já investimos R$
80 milhões no projeto e outros R$ 30 milhões serão aportados para construção da fábrica.”
Demanda
A Águia prevê participação no mercado gaúcho de 10% a 12%, atendendo diretamente produtores do
Estado, especialmente de soja, arroz, milho e trigo. “Já temos acordo de distribuição com cooperativa
do Estado”, conta o CEO. A empresa, listada na Bolsa de Valores de Sydney, projeta potencial de
faturamento da planta de cerca de R$ 73,6 milhões por ano em capacidade plena de produção, de 300
mil toneladas/ano. Tallarico diz que o fosfato natural é menos beneficiado que o convencional e sem
química.
BB quer fatia maior de equalização no Plano Safra
O Banco do Brasil quer mais da metade dos R$ 21,8 bilhões pedidos pelo agronegócio ao governo para
subvenção das taxas de juros do próximo Plano Safra – no ciclo atual, o BB teve cerca de 50% dessa
verba, de R$ 13 bilhões. Renato Naegele, vice-presidente de Agronegócios, diz que pretende reduzir
spreads cobrados do governo em cinco linhas subsidiadas.
Frio tira bois do pasto e preço da arroba deve cair
A onda de frio serviu para aumentar a oferta de boiadas prontas para abate e, por isso, se espera para
esta semana nova queda de preços da arroba. A lentidão no consumo doméstico de carne é outro fator
de pressão, além das compras menores da proteína vermelha pelo principal cliente do País, a China.
Fonte: larice Couto, Isadora Duarte, Augusto Decker e Tânia Rabello, O Estado de S.Paulo
23 de maio de 2022 | 04h00
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